domingo, 18 de dezembro de 2011

Caminhos que se cruzam....




















Caminhos que se cruzam.....
Todos os dias vejo esta imagem.
Está mesmo ao lado da minha casa, à vista, a espreitar-me de soslaio cada vez que me achego á janela.
Mas nunca tinha pensado nesta visão que tenho todos os dias como uma metáfora.
Nunca tinha idealizado esta imagem como algo que me pusesse a pensar.
Caminhos que se cruzam.....
Neste ano que agora quase chega ao fim tive um pouco de tudo.
Tive grandes desilusões, grandes paixões, amigos eternos que ganhei, outros a que lhes perdi o rasto.
Neste ano descobri como, à beira de um abismo, fui salvo de me tornar uma pessoa fria.
Caminhos de se cruzam....
Como na imagem nem sempre existe algo ou alguém sentado nos bancos da vida, nem sempre os caminhos a seguir estão preenchido com pessoas ou acontecimentos que fazem com que a gente pare e se sente um pouco nas paragens a apreciar, a observar....
Mas sempre existem caminhos que se cruzam.
Sempre.
Existem pessoas que gostaríamos que nunca tivessem cruzado o nosso caminho, outras tantas mais que gostaríamos de rever cruzar novamente o limiar da nossa existência, e outras que damos graças por ainda seguirem connosco ao longo do caminho depois de se terem cruzado com o nosso.
Mas nisto tudo fica a premissa...:
Quantos caminhos cruzaremos mais nesta vida?
A meu ver?
Todos quantos possíveis.
Sempre aprendemos algo com alguém que se cruza connosco.
Quando nos sentamos nas encruzilhadas da vida e vemos o outro banco vazio é tão triste.
Quando percebemos que não existe mais ninguém a cruzar o nosso caminho e nos vemos sós é muito triste.
Caminhos que se cruzam....
Neste post deixo a minha sincera gratidão por todos aqueles que cruzaram o meu caminho, por bons ou maus motivos, aos que ficaram e aos que partiram, o meu Obrigado.
Caminhos que se cruzam...
Aos meus amigos...que a vida vos dê em dobro tudo aquilo porque esperam noutras encruzilhadas da vida.
Que os vossos bancos nestas encruzilhadas nunca estejam vazio e sempre haja alguém ou algo que apreciem e desfrutem nestes encontros e desencontros que a vida nos propõe.
Caminhos que se cruzam....
Ás minhas "Manas".... Adoro-vos! São os pilares que cruzaram o meu caminho numa fase da minha vida em que não tinha ninguém...em que aprendi a ser Humano com vocês, a ser alegre e divertido, a ter apoio quando mais precisei. Vocês são únicas e especiais para mim. Podem até dizer-nos que não somos sangue do mesmo sangue....mas...que importa! somos Irmãos de Alma! Obrigado por estarem comigo sempre!
Caminhos que se cruzam....
A todos aqueles que não menciono, embora não esquecidos....os meus votos de um excelente Natal e um feliz Ano Novo de 2012.
Caminhos que se cruzam....
Lembrem-se....
A vida tem muitos caminhos...nesses caminhos muitas outras vidas se cruzam no nosso caminho.
Vamos aproveitar e ser felizes??

domingo, 11 de dezembro de 2011

Como é que se esquece alguém que se ama?


Como é que se esquece alguém que se ama? 
Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? 
Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? 
Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está? 
As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. 
As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar sim, mas como se faz? Como se esquece? 
Devagar. É preciso esquecer devagar. 
Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. 
Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. 
Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. 
Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. 
A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada.
Ninguém aguenta a dor.
De cabeça ou do coração.
Ninguém aguenta estar triste. 
Ninguém aguenta estar sozinho. 
Tomam-se conselhos e comprimidos. 
Procuram-se escapes e alternativas.
Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. 
Não se pode esquecer alguem antes de terminar de lembrá-lo. 
Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar. 
É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. 
É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução. 
Não adianta fugir com o rabo à seringa. 
Muitas vezes nem há seringa. 
Nem injecção. 
Nem remédio. 
Nem conhecimento certo da doença de que se padece. 
Muitas vezes só existe a agulha. 
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado. 
O esquecimento não tem arte. 
Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. 
Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.


(Miguel Esteves Cardoso)