domingo, 13 de maio de 2012

Demasiado alto


Onde pertencer?
Reduzo-me áquilo que sou invariavelmente.
De alguma forma deixei de conseguir expressar-me, deixei de conseguir dizer o que penso quando quero, como quero, a quem quero.
Vivo aprisionado dentro de mim.
Todos os medos me fazem tremer por dentro, todas as virtudes suscitam desconfiança.
E pergunto-me: Será que pertenço a esta vida que desenhei?
Será que ainda posso ter uma réstia de esperança de que algum dia as coisas fiquem bem para sempre?
Para sempre...
Utopia infindavél...
Eu quero acreditar. 
Juro que sim.
Mas não consigo.
Estou tão enclausurado dentro de mim que me calo.
Não escrevo.
Não falo.
Não olho.
Não deixo transparecer a ninguem.
Por dentro o negro avassalador desta prisão consome-me a alma.
Tenho aquilo que escolhi e aquilo que nunca quis.
Onde pertencer quando achamos que não pertencemos em lugar nenhum?
Onde cair?
Cair agora ou mais tarde?
O que fazer para sair desta dormencia tao unica e perturbadoramente estranha?
Porque viver cheio de medos?
Para que vivo eu com medo de falar, de escrever, de viver?
Criei este muro demasiado alto...
Já nem eu o consigo transpor...
É estupidez pura pensar que sou forte o suficiente para continuar assim...
Calado, fechado, forte por fora e criança por dentro.
Porque pertencer por pertencer prefiro não perceber que um dia terei de pertencer ali ou aqui...
Mas...vou pertencendo. 
A alguem. A alguma coisa. 
A tudo ou a nada.