terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Está tudo errado.





Nem sei o que escrever. Tenho tanto dentro de mim que nem sei ... Hoje as palavras querem sair e nao as encontro. Não as tenho. Não as encontro para me expressar. 
Há verdades que custam a ser aceites e sentimentos que custam a entender. Tenho de o admitir... 
Tenho uma frase na minha cabeça que não sai: 
"Está tudo errado. Estou a fazer tudo errado." 
Não estou feliz. Já se começa a notar. Já não consigo esconder isso por mais que eu queira. 
Tento disfarçar...dou um sorriso e digo que está tudo bem, quando não está. 
Não foi isto que planeei para mim. 
Não foram estes os meus sonhos. 
Está tudo errado. 
Está tudo errado. 
Auto-motivo-me ao pensar que vai melhorar..mas nunca melhora. 
Ando sem chão. Estou a viver por viver, sem uma motivação, um alento, uma esperança. 
Onde está o meu caminho? Onde? 
Estou perdido. 
Está tudo errado.



segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Mais uma vez....

"O desejo de possuir...Mais alegria em dar..."




Hoje a vontade de precisar e de querer é mais forte.
A vontade de não ter, de perder, de me resignar. 
Aventurar-me e desconhecer, conhecer, querer, explorar.
Hoje neste jogo de sentimentos, quero fugir, quero correr, quero parar e encontrar.
Quero abandonar o que conheço como incerto, abraçar o que de garantido tenho. 
A vida, o prazer, as futilidades mais fúteis.
Hoje quero ser eu, quero não ser eu, quero o desamor, quero o amargor do sofrimento.
Preciso abandonar o que sei, conhecer o desconhecido e perder-me nele.
Não fazer sentido e no sentido que faço não ter nexo algum.
Preciso deslargar-me de tudo, de todos, da vida, da morte.
Neste jogo da vida não entender mais nada.
Hoje não te quero, quero-te a ti antes.
Hoje não me enfado com silhuetas fáceis, antes, prefiro algo misterioso, desconhecido.
Hoje não vou pensar, vou viver.
Não vou morrer, vou alternar numa existência qualquer.
Hoje...Quero ser o que sempre fui.
Um menino que não aprendeu a viver a tempo e horas de ser adulto.
Um adulto que por dentro é menino nas intenções.
Hoje deixo-me ir à descoberta.
Vou deixar o sentimento deste jogo fatal e perigoso e viver perigosamente outras emoções.
Perder-me em outros sentidos e sabores.
Descobrir outros aromas.
Olhar outros olhares.
Hoje abandono-me ao Deus dará e sigo uma trilha sem sentido onde quem passa por mim não me conhece. Onde quem me conhece não me vê.
E onde quem me vê quer saber, quer conhecer, quer experimentar, quer perguntar e provar.
Hoje deixo um capitulo da minha historia e começo outro.
Porque eu mando em mim. 
Porque a minha vontade obedece ao que eu ordeno.
Porque já nada resta.
Começo de novo. 
Mais uma vez. 
Outro dia.
Mais uma vez.


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Travessura da escrita

"Quero dizer o que penso e sinto hoje,
com a ressalva de que,
amanhã,
talvez,
contradiga tudo isso."
 

Ralph Waldo Emerson 

Fecho os olhos. 
Respiro fundo enquanto me ajeito na cadeira. 
Ligo o aquecimento...preciso de me sentir confortável enquanto ouço uma musica das muitas que adoro ouvir vezes sem conta. 
Paro. 
Lembro-me que prometi a mim mesmo que não me voltaria a expor aqui. 
E penso... 
Penso nesta luta que impus a mim próprio todos os dias ao sentar-me diante do teclado para escrever...e não o faço. 
Mas há coisas que estão tão intrinsecamente ferradas, cravadas, queimadas em nós que é, literalmente, impossível deixar de as fazer. 
Deixar de sentir este prazer, esta liberdade, este alivio que sinto ao cruzar estas teclas, ao deixar fluir tudo o que sinto, penso, sou... é... como negar a mim mesmo o prazer de viver, de me sentir vivo. 
Quando escrevo liberto-me, sou eu mesmo. 
É a minha essência, o meu espírito, a minha alma que saem de mim e se exprimem no seu mais puro estado. 
Quando fecho os olhos e deixo os dedos correrem sem sentido, sem nexo, é algo tão libertador, tão puro que se torna indescritível a descrição deste acto. 
Por vezes queria que quem me lê, entendendo ou não o que escrevo, pudesse sentir uma terça parte do que sinto quando o faço... 
Senti saudades de correr livre por aqui. 
Senti angustia ao impor algo a mim próprio que não queria. 
Mas que precisava. 
E entre o precisar e o querer vai uma vida inteira que pode-se-nos escapar por entre os dedos... 
Perdi algo precioso, não explicitamente por causa deste vicio, mas como poderei ganhar se não for eu mesmo, se impuser algo que não é o que sinto a mim mesmo? 
Eu sou assim... 
Sou um menino crescido que precisa disto para aliviar uma falta, uma dor... 
Sou aquele que muitas vezes não mede consequências, mas que assume todos os seus erros e tenta corrigir-se constantemente. 
Sou a impulsividade da escrita quando a alma desespera e quer gritar. 
Alma só e perdida num mundo que busca um perfeccionismo que nunca quis alcançar. 
Continuo só. 
Rodeado pela vida e por tudo o que ela me pode oferecer se eu "mudar" o que sou, como determino as minhas acções, os meus pensamentos. 
Mas não quero "mudar"... 
Sou mais feliz perdendo o que tiver de perder do que ser o que não sou. 
Do que agir sem sentir. 
Do que fazer por fazer. 
Amanha posso dizer exactamente o contrario...estou no meu direito. 
Sou humano. 
Sou pessoa. 
Sou carne e osso. 
Sou alma pura. 
Sou sentimento e amargura. 
Anjo e Demónio. 
E no fundo mudo...vou mudando...melhor... 
Vou aprendendo. 
Amadurecendo. 
A cada linha, a cada letra, a cada bater numa tecla. 
Preciso disto. Preciso de me sentir vivo e não de me sentir preso e inútil para mim próprio. 
Quero dizer o que penso e sinto hoje. 
Porque hoje...nestes minutos, horas, dias... 
Me sinto Bem comigo próprio e com quem sou. 
E amanhã posso até vir a chorar. 
Mas faz parte. 
E respiro fundo novamente. 
É a minha alma que retorna ao meu espírito e juntos sossegam desta travessura que é escrever....

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Elogio ao Amor

""Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. 
Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. 
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas. 
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. 
Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? 
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. 
O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. 
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. 
A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.""


Elogio ao Amor - Miguel Esteves Cardoso in Expresso

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Copo de Vinho

Porque será que quando bebemos um copinho a mais, ou mesmo que seja na medida certa, fazemos e dizemos as coisas mais puras que nos vão dentro da cabeça, da alma, do espírito...seja o que for?
Depois de um excelente jantar com boa companhia e uma boa conversa entre amigos, nada melhor que escrever...
Escrever o que?
Que me sinto dividido entre um amor e uma negação de sentimentos.
Que me sinto entre a espada e a parede dentro dos meus próprios sentimentos.
Que quero e não quero.
Que acredito e no fundo duvido que seja verdadeiro.
Que adoro olhar e sentir o que sinto quando olho, mas, ao mesmo tempo não acredito nesse olhar, nesses sentimentos.
Que estou só.
Que continuo a acreditar e ao mesmo tempo preciso de me libertar por não querer sofrer.
Tantas coisas passam pela minha cabeça....
Tantos pensamentos...
E a verdade, é que, quando bebemos um pouco mais de vinho ao jantar e estamos animados, depois, ficamos sozinhos com o nosso "Eu"  e pensamos...
O que faço?
O que sinto?
O que quero realmente?
O que preciso?
Não me sinto...
Não me quero realista...
Prefiro-me pensador e sonhador....
E quando o efeito passar...bom...nessa altura volto à realidade de tudo, absoluta, da duvida eterna e displicente que habita em mim, nos meus sentimentos.
É ambíguo pensar desta forma nas coisas que me caracterizam...
Tenho tanto para dar, e quero efectivamente dar, e ao mesmo tempo tenho tanto medo de me afundar novamente....
E nem sei se a quem quero dar quer receber o que tenho...
Tudo me passa aqui, agora, imediatamente, forçosamente pelo espírito...
E é engraçado...curioso no mínimo...
Quando alegremente entre amigos se bebe um copinho de vinho tudo se transforma, tudo se liberta, tudo fica mais claro e ao mesmo tempo mais confuso...
Porque?
Expliquem-me lá porque!
Sinto tanto a tua falta meu amor...
Faço o que não devo...chamo-te para uma escrita à qual não gostas de pertencer....
Mas é a única maneira que tenho de dizer que amo-te incondicionalmente.
Que me sinto tão preenchido e completo quando estou contigo, quando sinto o teu cheiro, quando toco o teu rosto, quando os teus olhos parecem lanças que me matam...
Perdoa-me esta falha, incúria da minha alma embriagada pelo vinho e pelo amor que te tenho...
Nas certezas que a vida já me deu tu tens sido a mais forte, a mais duradoura, a certeza mais certa que já tive em toda a minha vida errante...e ao mesmo tempo a mais perfeita, bela e inteligente forma de vida que me completa e me faz viver a plenos pulmões, com toda a força do meu ser...
Nenhuma palavra jamais será passível de descrever o que sinto...nunca...não tem qualquer explicação ou raciocínio lógico aquilo que senti, sinto e continuo a sentir por ti... Ilógico no mais belo sentido que essa palavra possa alguma vez ter na minha mente obcecada pela lógica das coisas, da vida, de tudo...
Numa tarde de verão...foi o que bastou...
As vestes a combinar com os teus olhos...
Perfeita.
Lembro-me de tudo....
Tudo passa em revista escrita, descritiva, anotada pela minha minha mente e pela memória...
E por mais feliz que esteja depois de um belo jantar entre amigos e pessoas que me são e serão eternamente queridas...faltas-me tu meu amor...
E voltas à minha mente no final de cada dia...
Todos os dias.
Talvez mais hoje....
Porque ainda não consigo explicar porque é que no final de se beber um copo de vinho tudo o que é mais importante para mim resolve saltar de dentro de mim e se expor deste jeito...
Talvez porque hoje bebi um copo de vinho...
Mas amanha...
Bem...
Amanha sentirei o mesmo.