terça-feira, 12 de outubro de 2010

Automático....

Vagueio pelas ruas. 
O que procuro? Quem procuro? 
Nem eu sei. Nada nem ninguem. 
Simplesmente conduzo...muito...Penso. 
Penso tanto que a cabeça parece que gira numa montanha russa, num turbilhão de decisões. 
Embrenho-me em mim próprio. Encontro-me. 
Tão só como sempre estive. 
Vagueio sem ver o caminho, sem olhar, sem sentir...quase que como se um piloto automático toma-se conta dos meus movimentos e eu estivesse ali só para ter espaço e tempo para pensar. 
Tudo me vem á mente. Tudo. 
Não me contenho. 
As lágrimas correm pela face e eu nem as sinto..dou conta quando sinto o seu sabor nos meus lábios. 
Este transe emocional parece não ter sentido, não faz sentido. 
Tento despertar. 
Passo a mão pelos olhos e saio do automático. 
Estou longe. Perco o norte á posição, tenho de me orientar, voltar. 
Perdi o rumo e tenho medo. 
Medo de não voltar, de saber que nada me espera, e o nada é muito. 
Volto só. 
Volto sem emoção. 
Entrego-me ao que ainda tenho. Orgulhoso. Teimoso. 
Mas já não trago as lágrimas. 
Trago a revolta. 
Escrevo. 
Liberto-me. 
O corpo pede descanso e eu não dou, a mente pede paz e eu não quero, A alma pede conforto e eu nao tenho. 
Ferido, não tenho armas, não tenho força. 
Entrego-me ao que ainda sei que tenho. 
Convenço-me, numa auto-ajuda, de ainda sou bom naquilo que faço. 
Deve ser a única coisa que me resta de bom. 
Até quando o corpo já não conseguir mais. 
Quebrar e deixar de sentir. 
Agarro-me a isso. Bóia de salvação desesperada e inútil. 
Que me resta mais? 
O nada. 
E o nada...é muito.

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