Vagueio pelas ruas.
O que procuro? Quem procuro?
Nem eu sei. Nada nem ninguem.
Simplesmente conduzo...muito...Penso.
Penso tanto que a cabeça parece que gira numa montanha russa, num turbilhão de decisões.
Embrenho-me em mim próprio. Encontro-me.
Tão só como sempre estive.
Vagueio sem ver o caminho, sem olhar, sem sentir...quase que como se um piloto automático toma-se conta dos meus movimentos e eu estivesse ali só para ter espaço e tempo para pensar.
Tudo me vem á mente. Tudo.
Não me contenho.
As lágrimas correm pela face e eu nem as sinto..dou conta quando sinto o seu sabor nos meus lábios.
Este transe emocional parece não ter sentido, não faz sentido.
Tento despertar.
Passo a mão pelos olhos e saio do automático.
Estou longe. Perco o norte á posição, tenho de me orientar, voltar.
Perdi o rumo e tenho medo.
Medo de não voltar, de saber que nada me espera, e o nada é muito.
Volto só.
Volto sem emoção.
Entrego-me ao que ainda tenho. Orgulhoso. Teimoso.
Mas já não trago as lágrimas.
Trago a revolta.
Escrevo.
Liberto-me.
O corpo pede descanso e eu não dou, a mente pede paz e eu não quero, A alma pede conforto e eu nao tenho.
Ferido, não tenho armas, não tenho força.
Entrego-me ao que ainda sei que tenho.
Convenço-me, numa auto-ajuda, de ainda sou bom naquilo que faço.
Deve ser a única coisa que me resta de bom.
Até quando o corpo já não conseguir mais.
Quebrar e deixar de sentir.
Agarro-me a isso. Bóia de salvação desesperada e inútil.
Que me resta mais?
O nada.
E o nada...é muito.
Sem comentários:
Enviar um comentário