quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Copo de Vinho

Porque será que quando bebemos um copinho a mais, ou mesmo que seja na medida certa, fazemos e dizemos as coisas mais puras que nos vão dentro da cabeça, da alma, do espírito...seja o que for?
Depois de um excelente jantar com boa companhia e uma boa conversa entre amigos, nada melhor que escrever...
Escrever o que?
Que me sinto dividido entre um amor e uma negação de sentimentos.
Que me sinto entre a espada e a parede dentro dos meus próprios sentimentos.
Que quero e não quero.
Que acredito e no fundo duvido que seja verdadeiro.
Que adoro olhar e sentir o que sinto quando olho, mas, ao mesmo tempo não acredito nesse olhar, nesses sentimentos.
Que estou só.
Que continuo a acreditar e ao mesmo tempo preciso de me libertar por não querer sofrer.
Tantas coisas passam pela minha cabeça....
Tantos pensamentos...
E a verdade, é que, quando bebemos um pouco mais de vinho ao jantar e estamos animados, depois, ficamos sozinhos com o nosso "Eu"  e pensamos...
O que faço?
O que sinto?
O que quero realmente?
O que preciso?
Não me sinto...
Não me quero realista...
Prefiro-me pensador e sonhador....
E quando o efeito passar...bom...nessa altura volto à realidade de tudo, absoluta, da duvida eterna e displicente que habita em mim, nos meus sentimentos.
É ambíguo pensar desta forma nas coisas que me caracterizam...
Tenho tanto para dar, e quero efectivamente dar, e ao mesmo tempo tenho tanto medo de me afundar novamente....
E nem sei se a quem quero dar quer receber o que tenho...
Tudo me passa aqui, agora, imediatamente, forçosamente pelo espírito...
E é engraçado...curioso no mínimo...
Quando alegremente entre amigos se bebe um copinho de vinho tudo se transforma, tudo se liberta, tudo fica mais claro e ao mesmo tempo mais confuso...
Porque?
Expliquem-me lá porque!
Sinto tanto a tua falta meu amor...
Faço o que não devo...chamo-te para uma escrita à qual não gostas de pertencer....
Mas é a única maneira que tenho de dizer que amo-te incondicionalmente.
Que me sinto tão preenchido e completo quando estou contigo, quando sinto o teu cheiro, quando toco o teu rosto, quando os teus olhos parecem lanças que me matam...
Perdoa-me esta falha, incúria da minha alma embriagada pelo vinho e pelo amor que te tenho...
Nas certezas que a vida já me deu tu tens sido a mais forte, a mais duradoura, a certeza mais certa que já tive em toda a minha vida errante...e ao mesmo tempo a mais perfeita, bela e inteligente forma de vida que me completa e me faz viver a plenos pulmões, com toda a força do meu ser...
Nenhuma palavra jamais será passível de descrever o que sinto...nunca...não tem qualquer explicação ou raciocínio lógico aquilo que senti, sinto e continuo a sentir por ti... Ilógico no mais belo sentido que essa palavra possa alguma vez ter na minha mente obcecada pela lógica das coisas, da vida, de tudo...
Numa tarde de verão...foi o que bastou...
As vestes a combinar com os teus olhos...
Perfeita.
Lembro-me de tudo....
Tudo passa em revista escrita, descritiva, anotada pela minha minha mente e pela memória...
E por mais feliz que esteja depois de um belo jantar entre amigos e pessoas que me são e serão eternamente queridas...faltas-me tu meu amor...
E voltas à minha mente no final de cada dia...
Todos os dias.
Talvez mais hoje....
Porque ainda não consigo explicar porque é que no final de se beber um copo de vinho tudo o que é mais importante para mim resolve saltar de dentro de mim e se expor deste jeito...
Talvez porque hoje bebi um copo de vinho...
Mas amanha...
Bem...
Amanha sentirei o mesmo.

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