quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Alma em pranto

Sinto-me a afundar. 
Afundo-me em mim, nos meus pensamentos, na minha solidão. 
Cada vez me sinto mais e mais a entrar num ciclo do qual não vejo a saida. 
Durante o dia no trabalho vou-me rindo, vou procurando algo que me alegre e por fora sou o espelho de que está tudo bem. 
Mas não estou. 
Por mais que o amigos me perguntem se estou bem e vejam que pareço estar bem, não estou. 
Chega a noite e a solidão espera-me. 
Esforço-me por não chegar cedo a casa ou então sair e envolver-me de presenças estranhas na esperança de que o pensamento não fuja. 
Por dentro já não tenho nada, está vazio. 
Mas o que começa a querer afogar-me dentro do peito é muito forte. 
Tem uma força imensa que me arrasta de uma maneira tal que parece estou no meio de um rio de sentimentos em fúria e do qual não tenho forças para sair, para remar contra a maré da desilusão, da solidão, da mágoa, da saudade, do querer e não conseguir atingir. 
Por mais que eu queira dizer, e digo, a mim proprio que vai passar, que vai ficar tudo bem, que tenho de dar tempo ao tempo, que á mais marinheiros que marés, que um dia.... 
Não vale a pena. 
Sempre retorno. 
E vou-me afogando numa tristeza imensa que não deixo transparecer, que escondo, que é evidente mas só quem me conhece muito bem percebe... 
Sim...estou a criar uma máscara...um muro... uma falsidade. 
Mas ninguem me verá chorar. 
Ninguém me verá a alma em pranto. 
Choro por dentro enquanto me vou rindo. 
Quem disse que um homem não pode chorar? 
Claro que pode. 
Chora quem tem na alma e no coração sentimentos que matam, que destroem, que corroem, que nos afogam a vontade de viver. 
Não aguento mais esta dor, este sentimento. 
Mas vou-me afogando...



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