Tudo o que me vem ao pensamento em qualquer momento...em que tenho tudo e nada. Uma vida.
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Despedida do Amor
Existem duas dores de amor:
A primeira é quando a relação termina e nós, continuando a gostar, temos de nos acostumar com a ausência do outro, com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva, já que ainda estamos tão embrulhados na dor que não conseguimos ver luz no fim do túnel.
A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz ao fim do túnel.
A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços.
A dor de se tornar "desimportante" para o ser amado.
Mas, quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida: a dor de abandonar o amor que sentíamos.
A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre, sem sentimento especial por aquela pessoa.
Dói também...
Na verdade, ficamos tão apegados ao amor quanto à pessoa que o gerou.
Muitas pessoas reclamam por não conseguirem desprender-se de alguém.
É que sem se darem conta, não se querem desprender.
Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir, lembrança de uma época bonita que foi vivida...
Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à qual nos apegamos.
Faz parte de nós.
Queremos, logicamente, voltar a ser alegres e disponíveis, mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo, que de certa maneira se entranhou em nós e que, só com muito esforço é possível alforriar.
É uma dor mais amena, quase imperceptível.
Talvez, por isso, costuma durar mais do que a 'dor-de-cotovelo' propriamente dita.
É uma dor que nos confunde.
Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra.
A pessoa que nos deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos, que nos colocava dentro das estatísticas: "Eu amo, logo existo".
Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo.
É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro de nós...
E só então a gente poderá amar, de novo.
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