terça-feira, 19 de abril de 2011

Unilateralmente

Sinto falta.
Falta do improviso, da surpresa, do romance.
Sinto falta de surpreender, de agradar, de estar.
Verbos que definem um amor em acções, sinto falta.
De todos eles.
Está tudo tão frio, tão distante, tão ausente.
Sinto falta do toque, da cumplicidade, do cheiro que fica na roupa.
Sinto falta de me deitar e sentir o aroma do prazer que fica no fim do amor.
Sinto falta da mão que ampara o rosto quando o toque é especial.
A falta que me faz o sorriso sincero e feliz...
Sinto falta do nervoso miudinho.
Sinto falta dos ciumes.
Sinto falta do olhar que diz mais que palavras.
Sinto falta dos sentimentos mais sentidos.
Mas nessa falta, nessa saudade, nesse precisar e não ter, deixas-te de existir.
Tudo tem de ser reciproco.
Unilateralmente o amor deixa de existir.
Unilateralmente a projecção do verbo amar deixa de fazer sentido.
Unilateralmente a cumplicidade passa a ser individualidade.
E, infelizmente, unilateralmente, morre assim um amor.
Sim, porque um amor tambem pode morrer dentro de nós...
Basta ser sentido, unilateralmente, durante muito tempo.
Vai morrendo, vai-se esfumando, deixa de fazer sentido.
Unilateralmente sinto falta de voltar a sentir amor de verdade.
Unilateralmente digo que não tenho amor.
No gelo que me torno sinto falta destas coisas a que chamo sentimentos.
E nesta falta percebo que deixo morrer aquilo que me matava.
Unilateralmente sinto todas estas coisas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Importante é que percas o que unilateralmente sentes... para que te permitas a sentir a dois! ;)
Já é um passo para a cura e para bons momentos!

Beijoca

***um sorriso com carinho